A abordagem em Psicologia Transpessoal foi oficializada em 1967 por Abraham Maslow na American Phychologica Association, na presença de Stanilav Grof, Victor Frankel, A.Sutich, J.Fadiman e introduzida no Brasil por Pierre Weil na Universidade Federal de Minas Gerais.
As considerações que se seguem permitem-nos uma melhor compreensão da definição do objeto da psicologia transpessoal na hermenêutica de Pierre Weil: “Diferentes definições vêm sendo dadas ao longo de sua história. Podemos dizer, genericamente, que ela trata do estudo de um estado de consciência em que se dissolve a aparente fronteira entre o "eu" e o mundo exterior, em que desaparece o que chamamos de pessoa e surge uma vivência que está além. Daí vem a designação "trans-pessoal", já utilizada por C.G. Jung em sua obra, tendo o termo "psicologia transpessoal" sido oficialmente adotado nos Estados Unidos, em meados de 1969.
Podemos considerar a psicologia transpessoal como um ramo do conhecimento humano, mais particularmente da psicologia.
Consiste numa pesquisa experimental e ‘experiencial’ da natureza da realidade vivida como um ‘ir além da dualidade espaço interior/espaço exterior’, além dos limites do pensamento conceitual inerente à pessoa humana. Estuda e evidencia o caráter relativo da vivência da realidade, em função dos diferentes estados de consciência, no qual tenta identificar a natureza essencial a partir da vivência do estado de consciência cósmica ou transpessoal. Descobre o que está encoberto, ou seja, evidencia o continuum do ser na existência na forma da experiência dos seres, dissolvendo sua fantasia fundamental: a separatividade.
Permite ao homem revelar o mistério da limitação do ser na sua manifestação humana, fazendo-o viver sua não-dualidade, graças à superação da aparente oposição pessoal-transpessoal, mundo relativo-mundo absoluto. Por meio da metanóia retira o homem dos sofrimentos da paranóia projetiva das suas fantasias. Por sua visão holística, a psicologia transpessoal é o ponto de encontro da ciência, da arte, da filosofia e da mística. Neste último caso, ela aglutina as religiões, evidenciando a origem única, apesar das divergências teológicas, ocidentais ou orientais. Na vida prática cotidiana, mostra ao homem os caminhos e métodos que permitem o acesso ao transpessoal dentro do ‘pessoal’, por meio da descoberta do ‘mestre interior’.
Oferece a todos os homens e mulheres que desejam e praticam métodos próprios a um desses caminhos, a verdadeira liberdade e alegria de viver, pelo despertar dos valores inerentes ao ser: a sabedoria indissociável do amor para todos os seres. Podemos enfim afirmar que a psicologia transpessoal é possuidora de um enorme potencial terapêutico, pois permite transformar as formas destrutivas de energia, como o ódio, a possessividade, o orgulho competitivo, o ciúme e a inveja, em harmonia e paz para cada ser humano e para toda a humanidade. Para melhor orientar os interessados no aspecto subjetivo em termos semânticos, precisaremos as diferenças existentes entre a psicologia transpessoal propriamente dita, o adjetivo transpessoal e o substantivo transpessoal.
A psicologia transpessoal é um ramo da psicologia que estuda particularmente o estado transpessoal da consciência. — Entendemos por transpessoal, tomado como adjetivo, aquilo que subsiste quando desaparece o fenômeno ou a aparência da pessoa. Ou seja, transpessoal é o que fica por trás das máscaras da pessoa, dos seus condicionamentos, além da cultura. O substantivo transpessoal se emprega no mesmo sentido do adjetivo, tal como definimos anteriormente.
Como tema ou objeto, falamos, por exemplo, do estudo do transpessoal, do surgimento do transpessoal na vida cotidiana etc. Por psicoterapia transpessoal entendemos o conjunto dos métodos de tratamento das neuroses pelo despertar do transpessoal, e das psicoses pela expressão do transpessoal semipotencializado. Fala-se hoje de educação transpessoal, de psicoterapia transpessoal e de terapia transpessoal. Por educação transpessoal compreendemos o conjunto dos métodos que permitem descobrir ou revelar o transpessoal dentro do ser humano. Por psicoterapia transpessoal entendemos o conjunto dos métodos de tratamento das neuroses pelo despertar do transpessoal, e das psicoses pela expressão do transpessoal semipotencializado.
Por terapia transpessoal designamos o conjunto dos métodos de restabelecimento da saúde pela progressiva redução da ilusão da existência de um ‘eu’ separado do mundo.” Abraham Maslow reconheceu quatro revoluções ou forças no desenvolvimento da Psicologia contemporânea de acordo com a classificação do seu percurso histórico: - a primeira força é o Behaviorismo centrada na reflexologia; - a segunda força é a Psicanálise centrada no processo analítico; - a terceira força é o movimento humanístico, centrado no potencial humano de saúde; - a quarta é a Transpessoal transumana, centrada no cosmo e nos ampliados estados de consciência. Roberto Crema postula uma continuidade rumo a uma Quinta Força, centrada na consciência de inteireza, uma força de integração que alia o pré-pessoal ao pessoal e ao transpessoal: a Abordagem Transdisciplinar Holística com o seu processo da Arte de Cuidar, aliando o método analítico ao sintético, orientando-se por uma cartografia vasta e inclusiva da totalidade humana, na tarefa-desafio de desenvolver uma Terapia da Inteireza. Um projeto original e pioneiro da UNIPAZ. "Transdisciplinaridade é um significativo passo além, um avanço qualitativo.
Representa a convocação para a mesa de reflexão e sinergia, ao lado dos cientistas e técnicos, dos “exilados” do exaltado império da razão: os artistas, os poetas, os filósofos e os místicos. Vale dizer, o retorno à qualificação desses navegantes da subjetividade, da alma e do absoluto, condenados a um quase ostracismo e à marginalidade nesses últimos “iluminados” . (WEIL, D’AMBROSIO, CREMA, 1993 o termo transdisciplinaridade foi inventado para traduzir a necessidade de uma jubilosa transgressão das fronteiras entre as disciplinas, sobretudo, no campo do ensino e ir além da pluri e da interdisciscplinaridade.
O físico teórico Nicolescu (1999), no diz que a visão transdisciplinar propõe a consideração de uma realidade multidimensional estruturada em múltiplos níveis, substituindo uma realidade unidimensional. E destaca ainda a importância de um rigor às respostas para tantas perguntas, pois um único nível de pensamento clássico, não seria suficiente.
A transdiscilplinaridade, como o prefixo trans indica, diz respeito aquilo que esta ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de qualquer disciplina. Seu objetivo é a compreensão do mundo presente, para o qual um dos imperativos é a unidade do conhecimento. (NICOLESCU, 1999, pág. 53)
Com tantas técnicas multidimensionais que surgem nesses tempos. Muitos pesquisadores estão ajudando a desvelar técnicas de cura milenares dando um cunho científico e finalmente a tão necessária fusão entre ciência e espiritualidade: Laslo (2012), “E a espiritualidade é mais do que panteísmo, e ainda faltava uma base teórica integradora para proporcionar uma ponte entre o pensamento holístico da ciência e o pensamento psicológico dentro da consciência.” ( Goswami,2010)
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